Já deve ter ouvido falar sobre a taxa de esforço, principalmente se está a considerar recorrer a financiamento para comprar casa, mas sabe o que significa este este termo e a sua importância para conseguir ter o seu crédito aprovado?
A taxa de esforço, também conhecida como DSTI (Debt Service-to-Income ratio) serve como um indicador para os bancos como forma de medir a sua capacidade de pagar o valor da sua prestação mensalmente. Este rácio indica o peso das prestações mensais (caso tenha mais que um crédito) devidas por si ou pelo seu agregado familiar no rendimento líquido mensal.
Segue um exemplo:
O João desloca-se ao banco X para pedir financiamento de forma a conseguir pagar a sua primeira casa. Para além deste crédito que irá formalizar, no valor de 300 € mensais, o João tem também um crédito automóvel no valor de 156 € mensais. Como rendimento líquido mensal, o João aufere 1 600 €. A taxa de esforço é calculada da seguinte forma:
Taxa de esforço = (Montante total das prestações mensais dos créditos detidos pelo João / rendimento mensal líquido de impostos e contribuições para a Segurança Social) x 100
Taxa de esforço do João = (456 € (300 €+156 €) / 1 600 €) x 100 = 28,5 %
Isto significa que os créditos assumem um peso de 28,5 % no seu rendimento líquido, ficando o restante valor disponível para outras despesas necessárias como a alimentação, transporte, lazer ou outros destinos que o João entenda como relevantes (poupar ou investir por exemplo).
A taxa de esforço é um dos principais indicadores para a aprovação do seu crédito e terá influência no valor dos juros a pagar, já que quanto maior a taxa de esforço, maior o risco para a instituição de crédito que lhe financia o valor. Isto acontece visto que o crédito habitação é um compromisso a longo prazo, o que se traduz numa maior imprevisibilidade da sua situação financeira. Se a taxa de esforço se verificar elevada, o risco de entrar em incumprimento será maior e o banco poderá reprovar o seu pedido de crédito.
Segundo o Banco de Portugal, os novos créditos habitação, créditos com garantia hipotecária ou equivalente crédito ao consumo devem apresentar taxa de esforço inferior ou igual a 50%. Apesar deste limite, o ideal será que não ultrapasse um terço do seu ordenado, ou seja 33%. Se auferir um ordenado de 1 000 € líquidos mensais, o valor total das suas prestações de crédito não deverá ultrapassar os 330 €. Nos dias que correm, devido à inflação e à subida da Euribor, poderá ser um pouco difícil manter as prestações dentro destes valores. Nesse caso existem duas opções possíveis que se prendem por tentar aumentar o seu rendimento através de renda extra ou diminuir o valor dos seus créditos, tentando renegociar com o seu banco (tentar baixar o spread por exemplo) ou consolidando todos os créditos num só, diminuindo dessa forma o valor da sua prestação mensal a pagar à instituição bancária.